Abordagem sistêmica “é um recurso poderoso. Não substitui o talento ou a técnica, mas potencializa o que há de melhor no grupo”, destaca consteladora. Ela harmonizou o clube, reorganizou dinâmicas internas, trouxe equilíbrio ao elenco e ajudou a transformar o Vozão dentro e fora de campo. Equipe retornou à elite do Brasileirão e conquistou o Estadual em 2024 durante jornada marcada por reviravoltas e desafios internos

O retorno do Ceará Sporting Club à elite do futebol brasileiro, garantido na última rodada da Série B, em novembro de 2024, vai além de mérito técnico ou sorte de campeonato. A jornada que culminou com o empate diante do Guarani (0 a 0) e a vitória do Goiás sobre o Novorizontino (1 a 0), determinante para o acesso, foi também resultado de uma intervenção fora das quatro linhas. Liderada pela psicóloga e especialista em Constelações Organizacionais, Rose Militão, a abordagem sistêmica se mostrou um divisor de águas no desempenho do Vozão.

“Foi um ano exaustivo, com muitos desafios. Houve disputas internas amplamente noticiadas, entre membros do conselho e a presidência do clube. Nosso trabalho foi olhar para o Ceará como uma empresa, trazendo harmonia ao ambiente interno e resolvendo lacunas sistêmicas”, conta Rose Militão.

Contratada pelo presidente João Paulo Silva, eleito para um mandato de três anos, Rose atua não apenas com os jogadores, mas também com a diretoria, comissão técnica e toda a estrutura do clube. Segundo ela, o método sistêmico busca identificar dinâmicas ocultas que interferem no desempenho coletivo: “O trabalho não é apenas mental ou emocional. Precisamos olhar para hierarquia, relações de poder, inclusão e exclusão. Tudo isso se reflete no campo de jogo”.

“A Constelação Organizacional é um recurso poderoso. Não substitui o talento ou a técnica, mas potencializa o que há de melhor no grupo”, destaca Rose Militão.

O Ceará teve uma temporada de reviravoltas. Em abril, conquistou o Campeonato Cearense Superbet 2024 de forma invicta, ao quebrar a hegemonia do Fortaleza e igualar o número de títulos estaduais com o rival (46).

Contudo, na Série B, o clube viveu altos e baixos. A demissão do técnico Vagner Mancini, em junho, deixou “lacunas sistêmicas” que precisavam ser resolvidas, segundo Rose. Ironia do destino ou não, foi justamente Mancini, quando estava no comando do Goiás, quem conduziu o resultado que selou o acesso do Ceará à Série A.

“Durante a última constelação organizacional, percebi que o acesso do Ceará viria ‘de fora’. Aquilo não fazia sentido no momento, mas o futebol é espaço mítico, onde o imponderável acontece. Mancini, que criou a base do time, foi a peça-chave na vitória do Goiás sobre o Novorizontino. Honrá-lo era necessário, e todos o fizeram”, revela Rose Militão, que viu seu trabalho se consolidar com a promoção do Vozão.

Rose Militão foi uma das fundadoras do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS). Com carreira multifacetada, é psicóloga clínica (casais e família), escritora, palestrante e facilitadora de grupos em diversas empresas ao redor do país, diretora clínica do Instituto Militão e fundadora da Escola de Constelação, em Fortaleza (CE).

Também especialista em Constelação Sistêmico-Familiar, Rose Militão atua no contexto clínico e organizacional, desde os anos 2.000. É autora, em parceria com o esposo Albigenor Militão dos livros “Histórias & Fábulas Aplicadas a Treinamento”, “Alguém já disse que te ama, hoje?”, “Toque de Afeto na Família” e “Pra você… Só Coisas Boas!”, dentre outros.

Lançou, em 2022, como autora, o livro “Exercícios Sistêmicos para o trabalho com pessoas”. Atua no segmento de família, com realização de palestras e conferências há mais de 25 anos.

Arquétipos e alteridade no futebol

A abordagem inovadora de Rose Militão é fundamentada em conceitos como arquétipos e alteridade.

Os arquétipos representam padrões universais de comportamento, enquanto a alteridade preza pelo respeito e reconhecimento das diferenças.

“No futebol, o arquétipo se manifesta nos papéis de cada jogador: há o ‘pai’, que protege a equipe, e a ‘mãe’, que acolhe e organiza. A alteridade, por sua vez, exige respeito mútuo entre os integrantes do time”, explica a consteladora.

Esse método trouxe resultados imediatos. Com uma estrutura mais equilibrada e coesa, o Ceará cresceu no segundo semestre da competição. “O time começou a se abraçar, a comemorar os gols com mais emoção. Isso mostrava uma egrégora se formando”, aponta Rose.

Egrégora é um conceito que se refere a uma energia coletiva gerada por um grupo de pessoas que une os mesmos pensamentos, interesses, sentimentos ou opiniões.

A visão sistêmica que levou o Ceará de volta à Série A

O jogo é apenas a face visível de dinâmicas muito mais profundas. Rose Militão ressalta que a Constelação não é feita “para o jogo”, mas para ajustar as relações sistêmicas que reverberam no campo. “Nosso trabalho começou de cima para baixo, com o presidente João Paulo Silva reorganizando a empresa Ceará Sporting Club”, explica.

Rose traz a experiência adquirida ao longo de anos no futebol cearense, especialmente com o Fortaleza. Em 2017, o rival tricolor estava há oito anos na Série C. Com uma abordagem estruturada de constelação, a trajetória foi transformada: Série B, Série A e a estabilização como um dos protagonistas na elite do Brasileirão.

“Olho para o Fortaleza hoje e vejo um paciente curado. O processo foi sistêmico, começou com a chegada do Luiz Eduardo Girão e se consolidou com Marcelo Paz”, relata Rose. “O mesmo caminho precisava ser trilhado pelo Ceará”, aponta.

Segundo ela, a chave do trabalho é identificar os padrões que moldam os comportamentos e a cultura organizacional: “Os arquétipos são verdades universais que carregamos desde o sistema familiar. Imagine isso potencializado em milhares de torcedores, dentro e fora do campo. Cada drible, cada comemoração ou erro carrega essas verdades: é paixão, arrobo, pertencimento”.

Ela divide o jogo entre arquétipos femininos e masculinos. O primeiro aparece nos elementos mais emocionais e instintivos: o gingado, a ousadia do drible, a euforia das torcidas. “O futebol arte, que encanta pela beleza e pelo improviso, é pura expressão do feminino”, avalia.

Já o arquétipo masculino é delimitado pelas regras: o juiz, o VAR, as linhas do gramado, os cartões. “É o que traz ordem ao caos. As torcidas, porém, vivem a misturar essas energias, oscilam entre a paixão e a cobrança pela técnica, entre o grito e a reclamação”, diz.

Rose também explora o conceito de alteridade, a relação com o diferente. “O adversário é necessário. A disputa só acontece porque existe o outro time, a outra torcida. Respeitar essa relação é essencial para manter a dignidade entre as partes. Em campo, as regras garantem que essa alteridade funcione, mas fora dele, as torcidas muitas vezes ignoram isso”, observa.

Ela relembra um episódio emblemático vivido este ano durante a final do Campeonato Cearense. A caminho do estádio, vestidos com a camisa do Ceará, Rose e o marido Albigenor Militão foram alertados a mudar de rota. “Nos disseram: ‘Essa via é do Fortaleza. Se vocês continuarem, o carro será destruído.’ A alteridade se rompe quando a rivalidade ultrapassa o limite do campo e da disputa justa”, alerta.

No trabalho com o Ceará, esses conceitos foram fundamentais para a reconstrução do clube. A equipe precisava mais do que táticas e talento: era urgente resolver as relações de poder, hierarquia e pertencimento. “O que aconteceu com o técnico Vagner Mancini, por exemplo, deixou lacunas sistêmicas que precisavam ser honradas. Saiu de maneira inadequada, mas foi justamente ele, em sua passagem pelo Goiás, quem decidiu a vaga do Ceará na Série A”, explica Rose.

O resultado, conquistado nos minutos finais na última rodada, é prova de que o futebol reflete muito mais do que acontece dentro de campo. “O Ceará está ajustado para 2025, com propósito não só de se manter na Série A, mas de brilhar por lá. A Constelação aponta caminhos, organiza as relações e devolve a força que muitas vezes estava escondida”, pontua Rose Militão.

Do caos ao equilíbrio: como a Constelação Sistêmica alinhou o Ceará

Durante a temporada que culminou com o retorno do Ceará Sporting Club à Série A, a consteladora organizacional Rose Militão precisou ir além dos métodos tradicionais. O clube enfrentou desafios internos, um cenário de rivalidade extrema com o Fortaleza e a cobrança incessante dos torcedores. Entre a emoção do futebol e a lógica sistêmica, o trabalho da psicóloga foi fundamental para ajustar dinâmicas ocultas que impactavam o clube em campo e fora dele.

“Às vezes, precisei ser rígida com meu grupo. Eu dizia: ‘Não quero torcedor aqui. Não estamos aqui para julgar a escalação do Vagner Mancini ou do Léo Condé (atual técnico e responsável pelo acesso do clube à elite)’. Se entrássemos nessa paixão, perderíamos a capacidade de olhar para o jogo com objetividade”, explica Rose. Para ela, a chave é enxergar o clube como uma empresa. “Trabalhamos com a diretoria, a presidência, os jogadores e as famílias. É uma varredura de cima para baixo”, explica.

Esse olhar sistêmico, segundo Rose, foi essencial para lidar com as lacunas criadas após a saída do técnico Vagner Mancini. “O futebol é um espaço mítico. Quando o Mancini, no Goiás, ajudou o Ceará a subir, foi um ciclo sendo honrado. As lacunas precisavam ser resolvidas, e isso aconteceu no momento decisivo”, avalia.

Gestão visionária e cura organizacional

Rose Militão elogia o presidente João Paulo Silva, do Ceará, por sua visão empresarial e coragem para reorganizar o clube.

“João Paulo me chamou no final de 2023 e disse: ‘Nos ajude com os seus recursos. Queremos o título do Cearense e o acesso à Série A’. Ele entendeu que o clube precisava de cura sistêmica, assim como aconteceu com o Fortaleza nos anos anteriores”, informa.

Ao longo da temporada, as constelações organizacionais e estruturais foram realizadas jogo a jogo. “Trabalhávamos com jogadores sem ânimo, com problemas familiares ou pessoais. As constelações ajudavam a liberar o peso sistêmico e a reconectar o grupo com a sensação de vitória”, ressalta Rose.

Na reta final, o Ceará encontrou seu equilíbrio. “Os jogadores começaram a se encontrar, a sentir que podiam. Cada jogo foi uma cura, um processo de ajuste sistêmico. A constelação com estrutura olha para frente, busca recursos e ajuda o time a manter o foco”, ensina.

Presidente do Ceará lembra “ano de muita luta, perseverança e resiliência

O presidente do Ceará Sporting Club, João Paulo Silva, cita o impacto da consultoria em Constelações Organizacionais no desempenho do clube em 2024 durante depoimento em vídeo ao Instituto Militão.

“Foi um ano de muita luta, perseverança e resiliência. Tivemos que acreditar até o último momento, tanto no estadual, vencido nos pênaltis contra o nosso maior rival, quanto no acesso, que veio no final da rodada da Série B”, relembra.

Para o dirigente, o trabalho desenvolvido pela consultoria foi essencial para transformar o ambiente interno do clube. “O objetivo sempre foi humanizar, aproximar as pessoas, falar mais em Deus e na fé. Isso trouxe uma mudança sistêmica, que simboliza a história do Ceará: lutar e não desistir”, explica.

João Paulo ainda aponta os desafios financeiros e políticos enfrentados ao longo do ano, mas afirma que o aprendizado proporcionado pela consultoria fortalece sua liderança: “Esse processo me deu mais serenidade e confiança. Foi algo que mexeu muito comigo e com a forma como conduzimos o clube.”

O presidente agradeceu ao Instituto Militão e à equipe. “Graças a Deus, encerramos o ano com eficiência e conquistas históricas. Essa luz divina nos guiou em um dos anos mais marcantes para o Ceará”, destaca.

O respeito sistêmico: a relação entre técnicos, gestão e a construção do sucesso

No futebol brasileiro, onde o presente é implacável e o passado rapidamente descartado, Rose Militão lança um olhar crítico sobre a relação entre técnicos e dirigentes. A consteladora organizacional acredita que a forma como os treinadores são tratados impacta diretamente o equilíbrio sistêmico dos clubes.

“Os técnicos são maltratados. Perder três jogos seguidos é quase sentença de demissão. Isso cria uma dinâmica terrível”, afirma Rose.

Segundo ela, o rompimento abrupto – comum no futebol – deixa lacunas que se refletem no campo. “O clube precisa honrar a história do técnico. Se foi chamado com respeito, ele também deve ser desligado com respeito, em um jantar ou conversa formal. A despedida deve ser pública, com reconhecimento ao trabalho realizado”, pontua.

“As relações precisam ser curadas, e isso só é possível com honra e reconhecimento. Um time não existe sem técnico, e esses profissionais precisam ser mais bem amparados”, reforça Rose.

Com a reeleição de João Paulo Silva para um mandato de três anos à frente do Ceará, a consteladora sinaliza a possibilidade de continuidade do trabalho sistêmico no clube.

“João Paulo assumiu em um mandato-tampão após a saída de Robson de Castro. Agora ele inicia sua gestão de fato. Conversaremos nos próximos dias, mas há intenção de ambas as partes em dar sequência ao projeto”, adianta.

Para Rose Militão, o sucesso do Ceará em 2024 – marcado pela conquista do Campeonato Cearense e o acesso à Série A – é um reflexo direto da visão profissional da presidência.

“Marcelo Paz fez um trabalho extraordinário no Fortaleza, ao enxergar o clube como um negócio, com planejamento e equilíbrio. Vejo o mesmo potencial em João Paulo Silva. São líderes jovens, visionários. Entendem que o futebol precisa ser gerido com responsabilidade sistêmica”, aponta.

O próximo passo, segundo a consteladora, é consolidar o Ceará na elite do futebol brasileiro. “Agora o desafio é se manter na Série A e fazer bonito. O clube tem estrutura, gestão e, principalmente, o compromisso de olhar para dentro e resolver o que precisa ser resolvido. A constelação sistêmica nos mostra que o sucesso é construído com respeito, equilíbrio e reconhecimento”, analisa.

Em meio à rivalidade histórica entre Ceará e Fortaleza, Rose Militão deixa uma mensagem clara: o futebol precisa ser mais do que paixão. “As disputas são essenciais, mas a dignidade e a alteridade devem prevalecer. Só assim os clubes alcançam resultados extraordinários – dentro e fora de campo”, pontua.

A consteladora reafirma o impacto coletivo do movimento dentro do clube e ressalta que, independentemente de vitórias ou derrotas, o Ceará tem alcançado avanços significativos: “Estou muito feliz e grata a Deus por fazer parte desse movimento tão especial”.

“É uma vitória que representa todas as outras vitórias, de todas as torcidas que passaram pelo Castelão. Estamos vivendo uma energia extraordinária que só nos impulsiona para algo ainda maior”, conclui Rose Militão.

 

Fotos:

O retorno do Ceará Sporting Club à elite do futebol brasileiro foi também resultado de uma intervenção fora das quatro linhas: liderada pela psicóloga e especialista em Constelações Organizacionais, Rose Militão, a abordagem sistêmica se mostrou um divisor de águas no desempenho do Vozão

 

Rose, Albigenor e integrantes do Instituto Militão na Arena Castelão, em Fortaleza, durante a conquista épica do Ceará Sporting Club, campeão invicto do Cearense Superbet, em abril de 2024

 

Rose e Albigenor Militão, o ex-técnico do clube, Vagner Mancini, o presidente João Paulo Silva e o elenco do Ceará Sporting Club antes da conquista do Estadual de 2024: abordagem inovadora é fundamentada em conceitos como arquétipos, que representam padrões universais de comportamento, e alteridade, que preza pelo respeito e reconhecimento das diferenças

 

Rose e Albigenor Militão em atividade: Constelação Organizacional trouxe resultados e, com uma estrutura mais equilibrada e coesa, o Ceará cresceu no segundo semestre da competição até conseguir o retorno à Séria A do Campeonato Brasileiro

 

Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS) – Assessoria de Comunicação – Contato para informações e entrevistas: (62) 9-8144-7372 (WhatsApp)

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