CECS promove 6ª edição do Projeto Autoria com apresentação do livro ‘Autoconstelação – Método do Triângulo Emocional’. Cirurgiã-dentista, professora universitária e mestre em Educação, autora afirma que “quando o fluxo do amor é interrompido, a vida perde sua rota”. Mediadora do evento, psicóloga Yolanda Freire destaca que publicação é resultado “de uma grande jornada pessoal e profissional, que revela aprendizados, processos de autoconhecimento e caminhos de compreensão teórica a partir da prática”. Terapeuta Adriana Renucci participou de sessão demonstrativa

O Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS), por meio da Diretoria de Fundamentos e Teoria, realizou no dia 17 de setembro de 2025 a 6ª edição do Projeto Autoria. O encontro ocorreu de forma on-line, via plataforma Zoom, e contou com a participação da cirurgiã-dentista e consteladora Erica Lopes, que apresentou o livro ‘Autoconstelação – Método do Triângulo Emocional’.

A mediação foi conduzida pela psicóloga e consteladora Yolanda Freire, diretora de Fundamentos e Estruturação Teórica do CECS. Entre os participantes estava o português Joaquim Marujo, psicoterapeuta transpessoal, doutor em antropologia e mestre em Clínica Saúde Mental.

A obra apresenta uma técnica de autoconstelação na água que emprega o método desenvolvido a partir da visualização do ser humano como um triângulo emocional.

“O Triângulo Emocional é uma abordagem que revela três dimensões essenciais da experiência humana: os vínculos familiares e seus efeitos no sistema, os padrões de comportamento que adotamos ou adaptamos e a forma como aprendemos a amar e a nos relacionar. Essa perspectiva permite identificar onde o fluxo do amor foi interrompido ou invertido”, destacou a autora.

Segundo ela, “ao tomar consciência desses pontos, torna-se possível realinhar caminhos, integrar feridas e liberar cargas que não nos pertencem. O resultado é uma vida mais autêntica, livre de padrões repetitivos e profundamente conectada com a própria essência”.

Perfil da autora

Erica Lopes é cirurgiã-dentista, professora universitária e de cursos de pós-graduação lato sensu, servidora pública e empresária. Mestre em Educação, com concentração em Pedagogia Universitária, desenvolveu pesquisas sobre o “aprender a aprender” em direção à autonomia.

Nos últimos anos, dedicou-se ao estudo das Constelações Familiares e desenvolveu o Método do Triângulo Emocional para Autoconstelação, que pretendia disponibilizar de forma acessível, especialmente aos consteladores. Tornou-se escritora e o livro apresentado representou o primeiro volume de uma trilogia em desenvolvimento.

Abertura e saudação da mediação

A mediação da 6ª edição do Projeto Autoria coube à psicóloga e consteladora Yolanda Freire, diretora de Fundamentos e Estruturação Teórica do CECS. Em saudação inicial, ressaltou o caráter transformador do projeto, que nasceu para valorizar autores associados e oferecer ao público a oportunidade de crescimento a partir da partilha de experiências em forma de livros.

Segundo a mediadora, o Projeto Autoria tem cumprido a missão de reunir profissionais brilhantes — terapeutas, consteladores e consteladoras — que, a partir de aulas, palestras e práticas cotidianas, transformam conhecimento em obras escritas. “É um caminho de expansão de consciência”, destacou.

Yolanda enfatizou ainda que a presença de Erica Lopes representava um passo adiante para o CECS, pela abertura de fronteiras em torno de novas expressões teóricas e vivenciais. Para ela, o livro ‘Autoconstelação – Método do Triângulo Emocional’ é fruto de um mergulho profundo na prática da Constelação e no autoconhecimento da própria autora.

“Esse livro nasce de uma experiência viva e não apenas de uma experimentação técnica. É resultado de uma grande jornada pessoal e profissional, que revela aprendizados, processos de autoconhecimento e caminhos de compreensão teórica a partir da prática. Trata-se de uma obra que ajuda também o leitor e a leitora em sua própria jornada de autopercepção”, afirmou Yolanda.

A mediadora classificou a leitura como um presente, tanto pelo conteúdo quanto pela trajetória que Erica compartilha em sua obra: “Foi um presente percorrer o caminho que esse livro propõe. E é uma honra apresentar a autora ao nosso grupo, com a riqueza de sua experiência como consteladora e escritora.”

O início da jornada

Erica Lopes relata que sua aproximação com a Constelação Familiar ocorreu em 2009, diante do adoecimento de uma cunhada com câncer. Naquele momento, ela buscou obras de Bert Hellinger publicadas pela editora Atma, que já não existe mais, e passou a estudar intensamente o tema. Contudo, devido às atividades profissionais, só em 2019, às vésperas da aposentadoria e após enfrentar problemas de saúde, decidiu mergulhar de forma mais sistemática no aprendizado da abordagem.

Sua formação passou por cursos de psicologia, pedagogia e até inteligência artificial, sempre com a convicção de que o conhecimento exige dedicação reflexiva. “Não basta comprar cursos, é preciso elaborar para que o aprendizado se consolide”, explicou.

O encontro com a escrita

A autora afirma que a experiência pessoal, marcada por relacionamentos rompidos e uma história familiar complexa, impulsionou a necessidade de escrever. Relata que acordava de madrugada com ideias e começou a registrá-las, o que chegou a acumular material equivalente ao de um livro extenso. Buscou uma mentoria de escrita e passou a organizar o conteúdo.

O resultado foi um processo intenso, acompanhado por supervisões da abordagem com colegas, que culminou na estruturação de um método próprio. “Não queria produzir um texto técnico, mas algo que traduzisse a vivência e a reflexão no campo das Constelações”, pontuou.

Memórias e tragédias familiares

Erica reconhece que sua trajetória foi marcada por tragédias que atravessaram gerações. Entre elas, o assassinato brutal de uma irmã, cujo corpo jamais foi devidamente sepultado, um suicídio silenciado por décadas na família paterna e a morte precoce de uma tia do lado materno, que redefiniu o destino de sua mãe. Esses eventos, muitas vezes tratados como segredos, alimentaram sua busca por compreensão sistêmica.

A construção do método

Da reflexão pessoal nasceu um método próprio, resultado de anos de Constelações, estudos e supervisões. A autora afirma que percorreu o caminho desde as formulações mais elementares — “eu e a mamãe, eu e o papai” — até a compreensão da dinâmica do campo ao valorizar a investigação pessoal e o aprendizado por descoberta. “Quando tudo é entregue pronto, o processo se torna superficial”, reforça.

O livro e o kit

A obra, que será lançada na 1ª Bienal do Livro do Paraná, inclui um kit desenvolvido pela autora. O material busca facilitar a compreensão prática para leitores com dificuldade de absorver conceitos abstratos. A ideia surgiu a partir da experiência de uma leitora que, após adquirir o e-book, confeccionou sozinha o kit e passou a utilizá-lo.

Trabalho conduzido individualmente

A autora relacionou esse princípio à proposta de seu kit de autoconstelação, que trabalha de maneira concentrada com a primeira geração — pais e avós. Segundo ela, esse recorte é suficiente para que a pessoa consiga integrar questões fundamentais, fortalecer sua estrutura e ampliar sua consciência. O processo exige disciplina emocional, já que o trabalho é conduzido individualmente, sem supervisão externa.

Ao se aprofundar nesse exercício, Erica afirmou ter encontrado emaranhamentos familiares de gerações passadas. “São questões que emergem no campo e que precisam ser reconhecidas para liberar a energia bloqueada”, destacou.

Capítulos centrais

O livro traz sessões de perguntas e respostas, elaboradas para provocar leitores ou pacientes resistentes, que relutam em olhar para si mesmos. Outro capítulo destacado pela autora aborda as “consciências dos relacionamentos”, onde integra reflexões próprias ao célebre poema de Bert Hellinger sobre o cavalo e o timoneiro ao ressaltar a necessidade de reconhecer a existência de um condutor que guia a vida até o porto.

A perspectiva do destino

Erica Lopes defende que cada indivíduo precisa concluir seu propósito de vida para que o campo sistêmico se mantenha equilibrado. “Um destino bem definido e vivido com prazer e plenitude atua no campo. Quando as pessoas não cumprem sua missão, o sistema permanece em desequilíbrio”, explicou. Essa reflexão, amadurecida ao longo de anos de investigação pessoal, está entre os elementos que considera mais relevantes no livro.

Uma obra acessível e prática

Segundo a autora, o livro foi construído para pessoas que, como ela no início da jornada, encontram dificuldade em compreender a Constelação e em aplicar o que aprendem nos cursos. Para facilitar esse processo, a publicação virá acompanhada de um kit prático. “Apesar de ensinar no final da obra como montar o material, decidi oferecer o kit pronto, porque percebi que muitos demorariam para confeccioná-lo”, relatou.

A noção de campo

A reflexão sobre o campo, conceito essencial na Constelação, também ocupa lugar de destaque no livro. Para Erica, trata-se de um entendimento ainda em aberto, permeado por múltiplas teorias. Seu texto convida o leitor a experimentar, explorar e observar o fenômeno em vez de procurar respostas definitivas.

Espaço e tempo

Na apresentação, a autora ampliou a reflexão para dimensões espaciais e temporais. Utilizou exemplos didáticos para explicar como se configuram a primeira, a segunda e a terceira dimensões do espaço, e como a quarta, o tempo, é percebida de maneira mecanicista pela sociedade.

Ao trazer a teoria da relatividade de Einstein, destacou que o tempo não é linear. Pode se expandir e contrair.

“Nossa organização social nos faz esquecer que vivemos ciclos, como as estações do ano, que revelam a fluidez do tempo”, afirmou.

Ciclos cósmicos e filosofia védica

Erica introduziu, ainda, a visão da filosofia védica sobre o tempo da Terra, conhecida como Yugas ou Eras Védicas. Com base em escritos milenares, explicou que a humanidade atravessa ciclos de milhões de anos, cada um marcado por diferentes configurações de harmonia e declínio.

Atualmente, segundo essa tradição, vivemos o período chamado Kali Yuga, caracterizado por desafios morais e espirituais, mas ainda distante do fim da Terra. “O planeta pode sofrer com destruições, mas sua energia é permanente e cíclica”, observou.

A consciência eterna

Erica destacou que, sob a ótica védica, a consciência não se perde.

“Nós somos consciência eterna, e a energia do amor também permanece. Cabe a nós corrigir o fluxo, para que esse amor alcance as novas gerações”, declarou.

A quinta dimensão, nesse sentido, representaria o espaço-tempo expandido acessado no campo das Constelações, onde se torna possível perceber simultaneamente passado, presente e futuro em movimento.

Dimensões do espaço

Erica Lopes fez explicação didática sobre as dimensões espaciais. A primeira, o comprimento, corresponde ao deslocamento linear com apenas um grau de liberdade. A segunda acrescenta a largura, o que permite maior amplitude, mas ainda sem altura. A terceira, por sua vez, incorpora a profundidade, possibilita olhar de cima ou de baixo e compreender o espaço em perspectiva.

Com esse raciocínio, Erica ressaltou que vivemos em três dimensões espaciais. Para além delas, a quarta dimensão se manifesta no tempo, elemento que, segundo a autora, costuma ser interpretado de maneira mecanicista.

A visão mecanicista do tempo

Na perspectiva cotidiana, o tempo é fragmentado em dias, meses e anos, organizados em uma sequência cronológica rígida. Essa forma de encará-lo, apontou Erica, gera estresse e a sensação de permanente corrida contra o relógio.

Ela lembrou que Einstein, ao formular a Teoria da Relatividade, já havia demonstrado que o tempo pode se expandir e se contrair, assumir curvaturas e diferentes ritmos de acordo com o espaço.

“A organização social nos impede de perceber essa flexibilidade, embora a própria natureza, por meio das estações do ano, revele a fluidez do tempo”, afirmou.

O salto quântico como metáfora

Durante a exposição, Erica Lopes estabeleceu um paralelo entre o movimento dos elétrons no átomo e as transformações humanas.

Explicou que, quando um elétron recebe determinada quantidade de energia, ele salta de uma camada para outra, o que altera seu estado.

Essa mudança rápida e profunda, afirmou, inspirou a expressão popular “salto quântico” para designar momentos de virada na vida pessoal, profissional, emocional ou espiritual.

Na interpretação de Erica, cada indivíduo também pode receber energia proveniente de seu sistema familiar, especialmente dos pais e avós. Essa herança energética, quando integrada de forma consciente, possibilita mudanças estruturais na vida, sem que seja necessário carregar os fardos de gerações anteriores.

O eixo vida e morte

Inspirada no curso de Fernando Freitas, Erica apresentou a ideia de que o principal movimento humano se estabelece no eixo vida e morte.

“Ou você olha para a vida, ou olha para a morte. Esse é o eixo essencial do campo”, afirmou.

No esquema visual exibido, a infância aparece como ponto de entrada no campo, marcada pela predominância da consciência pessoal. A adolescência surge em seguida, já com maior presença do ego, até o ingresso na vida adulta. Para a autora, o centro do campo corresponde ao estado de plenitude, no qual a pessoa habita o presente com equilíbrio energético.

Estados de presença e estresse

Nesse centro, a vida pode se desenrolar em dois estados principais: o da presença, ligado à consciência plena, ou o do estresse, associado a neuroses e à compulsão de repetição. Erica observou que muitas pessoas revivem padrões inconscientes sem perceber, e perpetua ciclos de sofrimento.

Ao avançar no ciclo vital, envelhecer com consciência depende da capacidade de autoconhecimento. Recorreu novamente à metáfora do cavalo: o cavaleiro, que representa pai e mãe, conduz; o cavalo, que representa a criança, carrega a energia vital; e a rédea, que simboliza a mente, permite direcionar a vida quando bem conduzida.

Contribuições do Triângulo Emocional para a leitura do campo

Durante sua exposição, Erica Lopes apresentou os fundamentos do Método do Triângulo Emocional, elaborado a partir de vivências clínicas e reflexões sobre o lugar do sujeito no sistema familiar. Segundo a autora, a técnica permite visualizar com mais clareza os pontos de ruptura e de fidelidade invisível que comprometem o fluxo do amor dentro do sistema.

O triângulo é formado por três vértices principais: feridas da criança, dores oriundas do pai e dores oriundas da mãe. Cada uma dessas âncoras carrega informações emocionais profundas, armazenadas de forma simbólica no corpo e na psique do constelado.

O modelo triangular é então utilizado como base estrutural para interpretar os movimentos dos bonecos no campo da autoconstelação na água.

Para Erica, a posição dos bonecos — que representam pais, filhos e antepassados — não é apenas aleatória ou estética. Ela comunica padrões inconscientes. Revela, por exemplo, inversões hierárquicas (como a criança a se posicionar atrás do pai), fixações em vínculos simbióticos com a mãe, ou alianças ocultas com dores ancestrais.

“Muitas vezes o que vemos no campo é um coração que aprendeu a amar a partir da dor”, afirmou a consteladora, em menção aos padrões de codependência e relações não funcionais que se repetem entre gerações.

Eixos da consciência e interpretação do campo

A autora propôs um mapa de leitura simbólica do campo, estruturado em dois eixos principais.

O eixo horizontal (vida-morte) e o eixo vertical (masculino-feminino).

Acima do diafragma, situam-se os conteúdos ligados ao céu e à transcendência, enquanto abaixo dele manifestam-se os impulsos ligados à Terra, à sobrevivência e ao inconsciente coletivo.

Esses eixos, segundo Erica, ajudam a identificar a natureza das exclusões e das desconexões emocionais.

O lado direito do campo frequentemente revela vínculos interrompidos com o sistema paterno, enquanto o lado esquerdo expõe os padrões da linhagem materna.

Os “excluídos” – sejam pessoas esquecidas, rejeitadas ou falecidas – ocupam posições simbólicas importantes, o que revela a influência dos não-vistos no comportamento dos vivos.

Nesse modelo, a consteladora busca observar o grau de consciência da criança interior frente à história emocional: se há simbiose mal-resolvida com a mãe, se há posicionamentos invertidos com o pai ou se a criança permanece presa a vínculos antigos que a impedem de amadurecer.

A Constelação na água como tecnologia de acesso ao inconsciente

O método apresentado por Erica propõe uma inovação prática: o uso da água como campo informacional. Em vez de depender de representantes humanos, o campo é composto por bonecos simbólicos ancorados na água, que, segundo a autora, atua como um condutor e revelador de informações ocultas.

A posição e o movimento dos bonecos são interpretados à luz dos eixos simbólicos e da base triangular.

Essa abordagem permite uma leitura objetiva e profunda, baseada na movimentação espontânea das figuras.

Ao contrário das Constelações com representantes, em que a percepção corporal e emocional dos participantes interfere diretamente na dinâmica, a Constelação na água oferece uma alternativa mais introspectiva e acessível à prática individual.

A autora salienta, no entanto, que esse método exige um nível elevado de maturidade emocional e conhecimento prévio sobre Constelações.

“Trata-se de um caminho para quem já passou por processos terapêuticos e deseja aprofundar a autorresponsabilidade e a capacidade de leitura do próprio campo”, reforçou.

Impactos para a prática clínica e autoconhecimento

O Triângulo Emocional se revela não apenas como um instrumento técnico, mas também como uma chave de integração emocional.

Ao nomear e localizar as feridas, o método facilita a reintegração das partes fragmentadas da psique ao promover maior autonomia afetiva e clareza de identidade.

A proposta de sair da condição de “cavalo” — termo usado por Erica para indicar o sujeito tomado por lealdades invisíveis — e elevar-se à consciência simbólica e espiritual do próprio lugar no sistema é uma das principais transformações que o método propõe.

Ao final da Constelação, a observação do triângulo formado por pai, mãe e criança permite ao constelado identificar se os vínculos foram equilibrados, se há liberdade afetiva para seguir e se o fluxo do amor foi restabelecido.

“O objetivo é que a criança consiga sair do triângulo simbiótico e alcançar o amor maduro, livre das amarras invisíveis que a prendem ao passado do sistema familiar”, pontuou.

A obra de Erica Lopes apresenta, portanto, um avanço metodológico relevante para a prática das Constelações Sistêmicas, com potencial de aplicação clínica, educativa e social.

Ao reunir elementos teóricos, simbólicos e práticos, o livro não apenas apresenta um método, mas inaugura uma nova possibilidade de olhar o campo familiar com profundidade e autonomia.

A consciência corporal como porta de entrada para o campo

Um dos pontos centrais abordados por Erica Lopes foi a importância do corpo como instrumento de percepção no trabalho de autoconstelação.

Segundo a autora, é preciso desenvolver a escuta interna para acessar os registros emocionais armazenados no corpo. A percepção sensorial torna-se, assim, o primeiro canal para captar o que se apresenta no campo.

Erica defende que a leitura do campo exige treino e iniciação nas Constelações.

A consteladora destacou que, para interpretar os movimentos simbólicos da alma familiar, é necessário um processo prévio e mais profundo de autoconhecimento e familiaridade com as sensações corporais.

O método do Triângulo Emocional exige do constelador e do constelado a capacidade de reconhecer em si as respostas físicas que surgem diante das imagens que colapsam no campo.

A autora reconhece que cada pessoa acessa o campo de maneira singular. Algumas sentem calor, outras pressão no peito, outras ainda reagem emocionalmente sem compreender de imediato a razão.

O treino constante e a repetição das práticas são, portanto, ferramentas fundamentais para refinar a escuta corporal e a interpretação simbólica.

O campo como revelador de padrões de vínculo

Durante a demonstração prática, Erica propôs um exercício sistêmico com base em uma Constelação na água. Por meio de sorteio, a escolhida foi a terapeuta e consteladora sistêmica Adriana Renucci.

A técnica consistiu em posicionar os elementos familiares no campo líquido, a observar os movimentos espontâneos.

A primeira análise focou na mãe da participante, cujo movimento indicou uma permanência simbiótica na relação com a própria mãe.

Esse dado revelou um bloqueio no amadurecimento emocional, com a figura materna permanecendo ligada à infância.

Ao lado, o pai foi posicionado na esfera masculina, mas sem vínculo estabelecido com a mãe.

Ambos estavam orientados para a vida, mas em trajetórias isoladas. A ausência de vínculo entre o casal foi registrada como fator essencial para compreender os impactos na geração seguinte.

A criança — representada como bebê — ao ser colocada no campo, demonstrou ausência de vínculo com os pais e tendência a recuar em direção aos ancestrais, o que indicava a presença de lealdades invisíveis a dores antigas do sistema.

Esse movimento revelou um padrão recorrente nas Constelações: a criança que não teve vínculo pleno nos primeiros anos de vida tende a repetir a busca por conexão em relações futuras, muitas vezes a criar laços simbióticos ou de codependência emocional.

A dinâmica entre gerações e o lugar dos ancestrais

Ao estender a análise para os avós paternos e maternos, Erica reforçou a leitura de que os vínculos mais presentes na infância influenciam diretamente o campo de força emocional da pessoa.

A convivência predominante com os avós paternos e com a avó materna foi interpretada como indicativo de onde os vínculos se fortaleceram e de onde também poderiam ter se formado lealdades inconscientes.

A disposição dos avós no campo seguiu os princípios da metodologia: a avó foi colocada na esfera doméstica e o avô na esfera do trabalho, observando-se o primeiro movimento espontâneo do casal.

A consteladora explicou que o comportamento dos antepassados no campo simboliza padrões de relação que tendem a se repetir, especialmente se não foram integrados pelas gerações seguintes.

O campo revelou que as questões mais dolorosas pareciam vir dos ramos familiares com menor convivência afetiva.

Essa constatação reforçou a premissa do método: aquilo que foi excluído ou está distante se aproxima com mais força na alma da pessoa, na tentativa inconsciente de ser visto e integrado.

A abertura para o campo e a postura do constelado

Ao final da demonstração, Erica destacou que o método da autoconstelação na água não exige, necessariamente, que o constelado verbalize suas questões.

Muitas vezes, o simples posicionamento dos bonecos e a leitura do campo são suficientes para ativar a consciência sistêmica da pessoa, mesmo que em silêncio.

A consteladora reforçou que a alma vê o que está sendo mostrado, mesmo que a mente não compreenda de imediato.

Essa abordagem amplia a acessibilidade da técnica, pois permite que o processo terapêutico se realize com respeito ao tempo, à privacidade e à disposição emocional de cada um.

Ao evitar projeções racionais e interpretações precipitadas, o método convida o constelado a permanecer num estado de abertura, confiança e entrega.

O campo, nesse contexto, atua como uma lente simbólica e precisa, ao revelar com clareza os pontos de ruptura e as possibilidades de integração.

A lealdade invisível entre mulheres de uma mesma linhagem

Ao analisar o posicionamento dos bonecos no campo, Erica Lopes destacou a existência de alianças femininas invisíveis entre gerações, especialmente entre avós, mães e filhas.

Um dos movimentos observados foi a fidelidade inconsciente entre a avó e a mãe da constelada, onde ambas se conectavam a partir das próprias dores não integradas.

Esse tipo de vínculo revela uma busca por pertencimento baseada na dor compartilhada e não no amor maduro.

A neta, ao observar esse padrão, tende a repetir a mesma dinâmica, ao buscar fusões simbióticas com figuras femininas.

O método identifica essas conexões como formas de compensar vínculos simbióticos interrompidos com a própria mãe — vínculos que, quando não vividos de forma plena na infância, se reproduzem em outras relações afetivas ao longo da vida.

Na leitura do campo, Erica mostrou que a avó ocupava simbolicamente um lugar maior que o do avô.

Sua postura corporal indicava uma necessidade inconsciente de “ser mãe do marido”, a perpetuar um ciclo de inversões hierárquicas e rompimento do fluxo amoroso natural entre os papéis familiares.

Padrões simbióticos e o bebê como sensor do campo

Outro ponto abordado foi o papel do bebê enquanto sensor emocional do campo sistêmico.

Na Constelação, o bebê — posicionado simbolicamente como observador — identificava o membro da família com maior carga emocional e, a partir de um amor cego, direcionava sua energia na tentativa inconsciente de curar o sistema.

Esse movimento é uma das bases do método do Triângulo Emocional: a criança que não encontra apoio afetivo íntegro em seus pais, volta-se para figuras anteriores da árvore genealógica, conecta-se a exclusões ou dores não verbalizadas.

No caso apresentado, a criança se voltava para um ancestral mais antigo. Reforçou a tese de que o sistema familiar busca compensações transgeracionais quando os vínculos diretos são frágeis ou rompidos.

A consteladora destacou que, ao olhar para o campo, é possível identificar padrões de codependência, ausência de separação simbólica entre os membros do sistema e recorrência de vínculos simbióticos como forma primária de relação.

Adolescência, rupturas e o retorno à infância

Na sequência da leitura do campo, Erica conduziu a Constelação até a fase da adolescência.

O movimento mostrou que, mesmo após a criança simbolicamente “crescer”, ela retornava à esfera da infância, especialmente à esfera da mãe.

Esse retorno indicava uma fixação emocional em estágios iniciais de desenvolvimento afetivo, o que impede a livre circulação do amor e da autonomia no sistema.

A consteladora explicou que, para as meninas, há um ciclo natural de transição: da infância (esfera da mãe) para a vida (esfera do pai), e de volta à esfera da mãe na adolescência, momento em que se colhem os aprendizados do feminino.

Quando esse ciclo é interrompido por traumas ou lealdades ocultas, a jovem permanece enredada em vínculos simbióticos com a figura materna, impedindo-se de seguir em direção à vida adulta com independência emocional.

O campo também indicou que, nos casos em que há ausência de maturidade dos pais (quando eles próprios permanecem emocionalmente na infância), a criança precisa crescer rapidamente. Ocupa lugares que não lhe cabem — como o de cuidadora dos próprios pais.

Integração, identidade e movimento de cura

Erica finalizou a demonstração ao apontar que o objetivo da Constelação é permitir que o constelado retome seu lugar no sistema, ao integrar o que foi fragmentado.

Ao crescer simbolicamente dentro do campo, a criança pode finalmente sair do triângulo simbiótico formado por pai, mãe e ela mesma ao romper os padrões repetitivos e ao assumir a própria identidade.

Esse processo implica atravessar diversas camadas de vínculo e dor — desde as lealdades infantis até as compensações invisíveis com os ancestrais.

O campo, nesse contexto, atua como espelho e roteiro de cura: revela as feridas, aponta as repetições e orienta os movimentos de reconexão.

A Constelação se encerrou com um movimento de retorno à vida, mas não sem antes revelar as complexidades emocionais envolvidas na formação do sujeito.

O método do Triângulo Emocional, ao estruturar o campo em vértices de feridas e ancestralidade, oferece uma ferramenta precisa de observação dos padrões afetivos ao propor não só uma leitura, mas um caminho possível de reconciliação com a própria história.

A infância não integrada e as repetições na vida adulta

Erica Lopes destacou que muitas vezes o que se entende como vida adulta não passa de uma continuidade simbólica da infância ferida.

Ao observar o campo, é possível identificar adultos que, apesar de já terem filhos, trabalho ou diplomas, permanecem psicologicamente vinculados a traumas precoces.

São adolescentes no corpo de adultos, sem um desenvolvimento emocional completo, ao repetir padrões herdados dos pais e avós.

Esse fenômeno ocorre especialmente quando não houve, na infância, um adulto que pudesse acolher e proteger a criança diante da dor.

A Constelação revelou pais emocionalmente ausentes, voltados para as próprias feridas, o que deixava a criança sem referências internas de segurança.

Assim, ela crescia apenas no corpo, mas permanecia retida psiquicamente em situações não elaboradas do passado.

O crescimento precoce e a ruptura do eixo feminino

A análise do campo demonstrou o impacto do crescimento forçado.

A constelada, que começou a trabalhar aos 14 anos, teve de acessar responsabilidades adultas antes de receber estrutura emocional para isso.

Movimentos assim, comuns em histórias de escassez ou negligência emocional, empurram a criança para um lugar que não é dela: desloca sua identidade e seu eixo energético.

No caso apresentado, a energia masculina — associada à ação, à produtividade e à sobrevivência — tornou-se predominante.

Já a energia feminina, relacionada ao acolhimento, à sensibilidade e ao enraizamento, ficou marginalizada.

A consequência foi uma atuação no mundo marcada por esforço e tensão, sem espaço para o descanso emocional ou o equilíbrio interior.

A carga emocional herdada dos avós

Um dos momentos mais reveladores da Constelação foi a percepção de que a figura adulta estava fortemente conectada às dores infantis do avô paterno.

Mesmo sem ter plena consciência dessa conexão, a constelada agia a partir dessas lealdades invisíveis.

O campo indicou que a força que deveria vir do pai foi suprida pelo avô, o que inverteu a ordem natural do sistema e sobrecarregou a neta com uma carga que não era dela.

Essas identificações profundas com ancestrais geralmente não são cognitivas, mas emocionais.

A alma reconhece os vazios, busca pertencer e, muitas vezes, tenta compensar a dor de alguém do passado por meio do próprio destino.

Quando essa dinâmica não é vista, ela se transforma em padrões repetitivos que limitam o avanço na vida e geram sensação de paralisia, ansiedade ou frustração crônica.

O desalinhamento sistêmico e os ajustes possíveis

Erica Lopes apontou que grande parte das dificuldades emocionais se deve ao desalinhamento de papéis dentro do sistema familiar.

Quando o pai está fora de lugar, quando o avô ocupa posições que não lhe cabem, ou quando os filhos tentam cuidar dos pais, o sistema inteiro perde estabilidade.

A Constelação permite observar essas distorções com clareza e reposicionar cada figura em seu lugar original.

No caso demonstrado, o pai deveria estar atrás da filha como fonte de força, e não lateralizado ou substituído.

O avô, por sua vez, precisaria retornar ao lugar de ancestral, liberar a neta da função de portadora de suas dores.

O simples reposicionamento simbólico dos bonecos no campo já iniciava um movimento de cura, ao permitir à constelada olhar para a vida com mais leveza e integridade.

A potência do campo como ferramenta de consciência

A leitura final do campo mostrou uma constelada voltada para a vida, mas ainda carregada pelas dores invisíveis da linhagem paterna.

Apesar do desejo de seguir em frente, a presença de lealdades ocultas, vínculos simbióticos e pesos emocionais não elaborados dificultava o avanço real.

A consteladora reforçou que a alma vê e sente o que o corpo ainda não compreende, e que o campo revela essas verdades com precisão.

Erica concluiu que, para que a transformação ocorra, é preciso olhar com coragem para as histórias que nos habitam.

O método do Triângulo Emocional oferece uma estrutura simbólica e prática para essa jornada: um caminho de consciência, reposicionamento e reconexão com a própria essência.

O corpo como território de percepção e integração

Erica Lopes reforçou a importância do corpo como canal direto de acesso às dores ancestrais e às emoções ocultas no sistema familiar.

Ao convidar a constelada a realizar respirações conscientes e a se posicionar fisicamente no campo, a autora propôs um exercício de escuta sensível que transcende o racional.

Ao entrar simbolicamente no lugar da mãe, a constelada sentiu, no próprio corpo, a presença de uma dor na garganta e no peito — representações físicas daquilo que não pôde ser dito nem acolhido.

Essas manifestações corporais, segundo Erica, são portais para camadas mais profundas da psique.

Por meio delas, o inconsciente revela histórias ocultas, exclusões e fidelidades invisíveis.

O corpo, quando respeitado e escutado, torna-se uma bússola precisa para acessar conteúdos que a mente não alcança.

Esse processo não é uma técnica isolada, mas uma construção sensível e complexa entre presença, escuta e acolhimento.

A lealdade à dor como forma de amor infantil

Durante a constelação, emergiu com força o tema da fidelidade sistêmica.

A constelada revelava um vínculo intenso com o avô paterno, identificado como fonte da força que o pai não pôde oferecer.

Esse avô, por sua vez, estava associado a dores profundas não resolvidas, cuja energia atravessava o campo e chegava até os descendentes.

Ao se posicionar simbolicamente “atrás” dele, a constelada assumia, inconscientemente, a função de carregar sua dor.

Esse movimento revela um dos princípios fundamentais das Constelações Sistêmicas: o amor infantil é cego.

A criança, em seu desejo de pertencer e de curar o sistema, assume o sofrimento de outros. Acredita que, ao fazê-lo, pode manter o equilíbrio familiar.

No entanto, essa tentativa de compensação interfere no fluxo natural da vida e impede o sujeito de ocupar seu próprio lugar com leveza e liberdade.

A repetição de destinos inconclusos

Outro aspecto importante observado no campo foi a presença de um bebê excluído no sistema.

Essa vida interrompida — pertencente ao lado materno — aparecia como um ponto de atração para a alma da constelada. Sugeriu um padrão de repetição de destinos inconclusos.

Quando uma vida não se realiza, ela permanece no campo em busca do reconhecimento.

E aqueles que chegam depois, especialmente os mais sensíveis, podem se alinhar a essa história e assumir inconscientemente seu fardo ou sua missão interrompida.

Erica apontou que a constelada, ao olhar para esse bebê, sinalizava a possibilidade de estar a repetir um destino indefinido.

A ausência de um fechamento simbólico para essa vida ressoava em sua própria trajetória. Dificulta a clareza de propósito e o sentimento de pertencimento pleno.

O campo, nesse contexto, funcionava como um espelho preciso das fidelidades invisíveis que ainda prendiam a constelada ao passado não resolvido.

A síntese terapêutica e a potência do método

Ao final da demonstração, Erica Lopes reforçou que o método do Triângulo Emocional permite realizar uma leitura precisa do campo emocional e sistêmico.

Cada movimento, cada posição e cada sensação corporal são elementos de um mapa complexo que aponta onde o fluxo da vida foi interrompido e onde ele pode ser restaurado.

O método oferece não apenas um diagnóstico das dinâmicas familiares, mas também caminhos práticos para a integração emocional e espiritual do sujeito.

A consteladora destacou que não se trata de resolver todos os pontos de uma só vez, mas de identificar o eixo mais essencial para a transformação.

O trabalho consiste em trazer à consciência os vínculos ocultos, as dores herdadas e as fidelidades inconscientes que impedem o avanço.

A partir dessa consciência, é possível fazer um novo movimento, olhar para a vida com gratidão e autonomia.

A escuta da consteladora e os limites do cliente

A consteladora Adriana Renucci, participante da sessão demonstrativa, compartilhou a experiência ao trabalhar com Constelações na água a utilizar uma base circular.

Ao comentar o método apresentado por Erica Lopes, destacou a diferença significativa que a geometria da base produz na percepção simbólica do campo.

Para ela, a estrutura triangular oferece novas camadas de leitura, permite identificar nuances que a base redonda não revela com tanta precisão.

Ao final da Constelação, a mediadora Yolanda Freire e a apresentadora Erica Lopes agradeceram Adriana pela disponibilidade em colaborar com a demonstração.

A leitura simbólica e o potencial das águas

Na sequência, a consultora em Gestão Social e consteladora Sandra Schwarzstein pediu a palavra para expressar seu agradecimento à autora Erica Lopes e para levantar uma questão técnica.

Sandra, que se apresentou como iniciante na prática das Constelações, destacou a potência simbólica do triângulo utilizado por Erica, o que chamou de “triângulo sanador”.

A dúvida de Sandra se concentrou na ordem dos elementos no campo: ao observar que Erica posicionou a água antes dos bonecos, perguntou se esse gesto tinha intencionalidade terapêutica.

Erica explicou que sim. “Faz parte do show”, disse. A água, ao ser colocada previamente, tem a função de desorganizar momentaneamente o campo, ao permitir que novas informações emerjam com mais fluidez.

Trata-se de uma ruptura simbólica no fluxo repetitivo, que cria espaço para que o sistema revele outras camadas de significado.

A autora observou que, por vezes, os movimentos espontâneos dos elementos demoram a ocorrer, ou não se manifestam, se o campo ainda estiver rigidamente estruturado. A água, nesse caso, atua como catalisadora do movimento.

Sandra, por sua vez, associou essa dinâmica ao princípio da física quântica segundo o qual pequenas alterações em um ponto do sistema podem produzir efeitos em dimensões mais amplas.

A analogia com o bater de asas de uma borboleta que reverbera em outra parte do mundo foi trazida como metáfora para o impacto simbólico da água no campo.

“Achei tão simbólico e bonito essa mudança das águas”, observou Sandra. “Quero agradecer a sua generosidade de partilhar essa sensibilidade com a gente”, destacou.

Quanto à pergunta sobre o conteúdo do livro, Erica respondeu que a introdução sobre física quântica, mencionada por Sandra, não foi incluída no volume publicado.

No entanto, todos os fundamentos, práticas e bases simbólicas do método do Triângulo Emocional estão descritos em detalhe na obra, o que permite que consteladores iniciantes e experientes possam utilizá-lo como ferramenta de aprofundamento terapêutico.

Erica Lopes também anunciou: quem adquirir o livro físico receberá um kit prático e um encarte com o passo a passo da metodologia.

Percepção fenomenológica e o eixo do amor interrompido

Na sequência, a mediadora Yolanda Freire observou que a leitura exige percepção aguçada e que o livro reúne informações consistentes, além de apresentar um passo a passo de atendimentos que ajuda a compreender as relações descritas.

Erica Lopes complementou: embora o método permita explorar diferentes camadas de consciência e múltiplas leituras do mapa, a pergunta central é saber qual amor de fato chega ao outro e porque não chega.

Quando os pais aparecem de costas, diz, há um bloqueio intenso do amor.

O trabalho consiste em reconhecer a interrupção, assumir essa realidade e, a partir desse “sim” interno, retomar o movimento e adotar escolhas diferentes.

Tempo interno e digestão sistêmica na autoconstelação

Na sequência, a educadora e terapeuta Selma Horta dirigiu uma pergunta à autora, a fim de compreender melhor o tempo necessário para realizar uma autoconstelação profunda e eficaz.

Ela se referia a um comentário anterior de Erica, sobre o campo poder permanecer sem movimento por até três dias, caso certos elementos não fossem incluídos.

A dúvida girava em torno de como lidar com esse tempo de latência quando se está constelando a si mesmo.

Erica respondeu que o tempo mencionado não se refere a uma regra fixa, mas sim à sensibilidade de quem conduz o processo.

Em suas próprias autoconstelações, ela frequentemente abre o campo, observa os movimentos iniciais e, a partir da intuição, sente quando deve incluir novos elementos.

O campo pode ser pausado e retomado em outro momento, conforme o que emerge na experiência interior.

Ela enfatizou que o campo continua vivo mesmo após o encerramento da prática formal.

Muitas vezes, as imagens permanecem em movimento interno, e o constelador — ou o constelado — elabora novas compreensões ao longo de horas ou dias.

Esse tempo de digestão simbólica é necessário para que o inconsciente integre as informações recebidas e reorganize as camadas emocionais mais profundas.

A prática da autoconstelação, portanto, requer escuta refinada, paciência e disponibilidade para o trabalho interno.

O campo como espaço de escuta simbólica e presença intuitiva

Erica falou sobre a presença de bebês excluídos no sistema — figuras simbólicas cuja origem, por vezes, remonta a muitas gerações passadas.

Diante da impossibilidade de identificar com precisão a identidade desse excluído, ela compartilhou sua prática: posiciona no campo a imagem de um bebê, um excluído genérico, e então se coloca intuitivamente no lugar da figura constelada.

A partir desse movimento, inicia uma escuta sensível que pode durar horas ou dias, a respeitar o tempo necessário para que o campo revele novas informações.

Em suas palavras, a compreensão nem sempre acontece no instante da prática. Às vezes, o campo não se movimenta. Mas, ao retornar no dia seguinte, tudo já se reorganizou.

Trata-se de um processo de elaboração simbólica que continua para além da prática formal.

Autoindividuação e integração temporal do campo

Para Erica, esse tipo de prática revela a profundidade e a autonomia que a autoconstelação possibilita.

Ao permitir que o constelador se coloque simultaneamente como sujeito e observador, o método abre um campo de transformação interna que conduz ao que ela denominou de autoindividuação.

Nesse processo, o indivíduo se separa simbolicamente dos vínculos infantis com pai e mãe, rompe com fusões emocionais e inicia um caminho em direção à própria inteireza.

O trabalho com as imagens internas, realizado com respeito ao tempo do corpo e do campo, favorece a construção de uma identidade emocional madura e livre.

Erica sublinhou que esse percurso exige paciência e disposição para acolher o que emerge sem julgamento, a respeitar as camadas que se revelam no tempo do inconsciente.

Erica ainda destacou que, ao encerrar uma sessão com um cliente, é fundamental reconhecer o tempo necessário para a integração das informações.

Por isso, frequentemente orienta que o assunto não seja mais debatido após a sessão, a fim de permitir que as imagens se acomodem no interior do constelado.

A autora compartilhou que, em sua metodologia, costuma enviar uma fotografia da solução final.

Esse gesto simples serve como âncora simbólica para que o cliente continue o processo de elaboração mesmo após o encerramento do processo.

A Constelação como caminho de expansão da consciência

Em suas considerações finais, a mediadora Yolanda Freire, destacou a profundidade simbólica e metodológica do encontro.

Para ela, a leitura do livro de Erica Lopes possui uma linearidade formativa, capaz de conduzir o leitor por um percurso de autoconhecimento.

No entanto, afirmou que o espaço experiencial criado pelo Projeto Autoria amplia essa leitura, permite que os conceitos sejam vivenciados em sua potência terapêutica.

Yolanda refletiu sobre o papel do constelador na sociedade contemporânea.

Mais do que facilitar movimentos sistêmicos, trata-se de promover elevação de consciência.

Erica, por sua vez, observou que quando o constelador amplia sua própria consciência — inclusive em níveis espirituais —, torna-se capaz de influenciar o campo ao seu redor por ressonância.

A transformação pessoal, segundo ela, reverbera nas relações, nas escolhas e no ambiente.

Erica mencionou a possibilidade de utilizar o método como recurso de supervisão entre colegas consteladores, ao destacar o valor formativo da prática compartilhada.

Yolanda concluiu com agradecimentos à autora e a todos os participantes, ao reconhecer a beleza da partilha de experiências, saberes e trajetos de vida.

Em nome do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas, agradeceu a presença do público e a generosidade da convidada.

Como ter acesso ao livro

Após ter disponibilizado a versão digital do livro (e-book), o lançamento oficial da versão física ocorrerá no dia 11 de outubro, na 1ª Bienal do Livro do Paraná, em Curitiba e a autora disponibiliza seu Instagram: erica_elopesferreira e um telefone (41) 9.9716-0098 (WhatsApp) como caminho para acessar o livro e o que o acompanha.

Fotos: CECS

Participantes da 6ª edição do Projeto Autoria que trouxe apresentação do livro ‘Autoconstelação – Método do Triângulo Emocional’, da cirurgiã-dentista, professora e consteladora Erica Lopes, com mediação da psicóloga e consteladora Yolanda Freire

Erica Lopes, cirurgiã-dentista, professora universitária, mestre em Educação: Quando o constelador amplia sua própria consciência — inclusive em níveis espirituais —, torna-se capaz de influenciar o campo ao seu redor por ressonância

Yolanda Freire, psicóloga, consteladora e diretora de Fundamentos e Estruturação Teórica do CECS: “O trabalho com Constelações é um caminho de expansão de consciência individual e coletiva”

Adriana Renucci, terapeuta e consteladora sistêmica, participante da sessão demonstrativa: A estrutura triangular oferece novas camadas de leitura, permite identificar nuances que a base redonda não revela com tanta precisão

Sandra Schwarzstein, consultora em Gestão Social e consteladora: A analogia com o bater de asas de uma borboleta que reverbera em outra parte do mundo foi trazida como metáfora para o impacto simbólico da água no campo

Selma Horta, educadora e terapeuta levantou questão sobre o tempo necessário para realizar uma autoconstelação profunda e eficaz

Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS) – Assessoria de Comunicação – Contato para informações e entrevistas: (62) 9-8271-3500 (WhatsApp)

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