Proposta apresentada pela diretora Científica do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas, Roseny Flávia Martins, prevê participação no organismo de representantes dos conselhos profissionais e das 29 práticas reconhecidas oficialmente pelo Ministério da Saúde. Evento ocorreu durante programação do 3º Congresso Mundial de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (WCTCIM), em curso no Rio de Janeiro até 18 de outubro. CECS marca presença com seis diretores

O 2º Encontro de Comitês de Práticas Integrativas e Complementares de Conselhos Profissionais, realizado na quarta-feira (15/10), no Rio de Janeiro, acolheu proposta apresentada pelo Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS) para a criação de um Grupo de Trabalho nacional (GT) com a participação de representantes dos conselhos profissionais e das 29 práticas reconhecidas oficialmente pelo Ministério da Saúde.

A proposta foi apresentada pela diretora Científica do CECS, Roseny Flávia Martins, que destacou a necessidade urgente de construir um canal técnico e permanente de escuta entre os conselhos e as práticas integrativas.

O objetivo é qualificar os critérios de formação, ampliar a segurança institucional e evitar retrocessos no campo das políticas públicas em saúde. A sugestão recebeu apoio unânime das lideranças presentes.

O encontro ocorreu durante a programação do 3º Congresso Mundial de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (WCTCIM), em curso no Rio de Janeiro até o dia 18 de outubro.

A atividade reuniu representantes dos conselhos de biomedicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição, farmácia e psicologia — além de profissionais das áreas de medicina e odontologia — para debater os desafios da regulamentação e da formação nas práticas integrativas.

A formação do GT visa aprofundar o alinhamento técnico, ético e pedagógico entre os conselhos e as práticas reconhecidas, especialmente diante da diversidade epistemológica do campo.

Entre os temas a serem debatidos estão a carga horária mínima exigida para formação em cada prática, os conteúdos programáticos essenciais e os critérios adotados para validação institucional.

Foi também aprovada a realização de uma oficina nacional sobre o tema, com o objetivo de compreender como os conselhos têm atualizado seus vínculos com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e como os cursos de formação em saúde estão incorporando essas práticas nos currículos.

O CECS participou do encontro com seis diretores: vice-presidente Ricardo Mendes (Relações Internacionais), Roseny Flávia Martins (diretora Científica), Yolanda Freire (Fundamentos e Estruturação Teórica das Constelações), Suzana Wayand (Estruturação Acadêmica e Qualificação de Facilitadores), Alzira Cristina (Ética) e Rosângela Ferreira (Eventos).

O vice-presidente Ricardo Mendes defendeu o diálogo interprofissional e criticou posturas excludentes. Roseny Martins reiterou a urgência de regulamentações específicas que considerem a singularidade de cada prática e propôs a criação imediata do grupo técnico nacional.

Yolanda Freire denunciou a ausência de escuta qualificada por parte do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Alzira Cristina da Silva relatou os impactos negativos da Nota Técnica emitida pelo CFP em 2023, que resultou na descontinuidade de um curso de pós-graduação em Constelações Sistêmicas.

“Um espaço importante de construção coletiva

O 2º Encontro de Comitês de Práticas Integrativas e Complementares de Conselhos Profissionais é evento voltado à articulação entre os conselhos profissionais de saúde e o fortalecimento das políticas públicas voltadas às Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics).

O encontro foi promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio do Cabsin e de entidades parceiras.

O foco é a formação, regulamentação e expansão das 29 Práticas Integrativas e Complementares em Saúde oficialmente pelo Ministério da Saúde.

Segundo a diretora científica do CECS, Roseny Flávia Martins, o debate priorizou a definição de critérios mínimos para a carga horária dos cursos de formação em cada prática integrativa, com respeito à autonomia dos conselhos e à diversidade epistemológica envolvida.

“O encontro permitiu que cada conselho expusesse sua posição sobre as exigências formativas. Foi um espaço importante de construção coletiva, mesmo com a ausência de alguns conselhos convidados”, afirmou Roseny Flávia Martins.

A participação da delegação do CECS nesse diálogo estratégico reforça o compromisso institucional da entidade com a qualificação, a ética e a integração da Constelação Sistêmica ao campo das Pics.

Deliberações e encaminhamentos extraídos dos debates

A formação desse GT nacional pretende criar um espaço contínuo de escuta e cooperação, abordar temas como a carga horária mínima exigida para formação em cada prática, os conteúdos programáticos essenciais, e os critérios adotados por cada profissão no reconhecimento ou restrição ao exercício das práticas.

Uma oficina conjunta vai tratar, entre outros temas, da forma como os conselhos têm atualizado ou elaborado seus vínculos com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC).

Durante os debates, foi observado que a invalidação de uma única prática por parte de um conselho pode ter efeitos sistêmicos, tanto na implementação da política quanto na percepção das demais práticas.

Ou seja, quando um conselho deslegitima uma prática, o impacto não é apenas técnico, mas também político e institucional, fragiliza a confiança na política como um todo.

Conselho Federal de Psicologia mantém critérios restritivos

Durante o 2º Encontro de Comitês de Práticas Integrativas e Complementares de Conselhos Profissionais, a representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) apresentou o posicionamento da entidade quanto à utilização das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) por profissionais da psicologia.

Segundo a representante, o CFP reconhece a importância das Pics como política pública de saúde e busca acompanhar os debates sobre o tema em espaços interinstitucionais. No entanto, destacou que a atuação profissional com essas práticas no âmbito da psicologia está condicionada à avaliação técnica e normativa do conselho, por meio de um sistema específico.

Desde 2022, o CFP instituiu o Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas Aluízio Lopes de Brito (SAPP), criado com a finalidade de analisar a compatibilidade de práticas psicológicas com os princípios científicos, técnicos e éticos da profissão.

O sistema leva o nome do ex-conselheiro federal Aluízio Lopes de Brito, falecido durante a pandemia, idealizador da proposta de análise estruturada de práticas no campo da psicologia.

A avaliação é realizada a partir de solicitações formais feitas por entidades, coletivos ou grupos auto-organizados.

Mais recentemente, o próprio plenário do CFP também passou a ter prerrogativa para acionar o sistema. Uma vez submetida, a prática é analisada por relatores e pareceristas técnicos. O resultado da análise pode enquadrar a prática como compatível, incompatível ou inconclusiva, o que orienta o exercício profissional de psicólogas e psicólogos.

“É hora de parar com o medo e abrir os braços”, diz Ricardo Mendes ao defender diálogo interprofissional e integração entre saberes no cuidado em saúde

Durante participação no 3º Congresso Mundial de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa, o vice-presidente do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS), Ricardo Mendes, destacou a urgência de uma postura colaborativa e integradora entre os diferentes campos do cuidado à saúde, especialmente diante dos desafios complexos da contemporaneidade.

Ao comentar os obstáculos enfrentados por profissionais que atuam com práticas integrativas e sistêmicas, Mendes afirmou que os enfrentamentos institucionais não podem mais se sustentar sob uma lógica de exclusão ou censura.

“E a gente só não foi queimado numa fogueira porque o que trazemos para o mundo é algo muito grande”, disse, ao referir-se à resistência que essas práticas ainda enfrentam em certos setores institucionais.

Ele criticou a rigidez de posicionamentos que tentam reduzir a compreensão da saúde a perspectivas unidimensionais. Para Mendes, o cenário atual exige maturidade institucional e abertura ao diálogo. “A disputa que a gente sente, às vezes, no posicionamento de conselhos ou de alguns institutos, ou a ideia de que o mundo pode ser reduzido a um espaço tão pequeno, não se sustenta mais. Não estamos mais em um momento de brigar, de excluir ou de proibir. Estamos em um tempo de construir pontes e estabelecer parcerias sérias”, afirmou.

O vice-presidente do CECS também ressaltou a importância de reconhecer e valorizar o papel dos profissionais da medicina e da psicologia, sem buscar substituí-los, mas sim complementá-los dentro de uma visão ampliada de saúde.

“Tenho uma compaixão imensa pelos médicos, que atuam no final da linha, que é o corpo físico. Mas antes do corpo adoecer, há muitas instâncias que geram os sintomas e doenças que nem sempre são consideradas”, pontuou.

Segundo ele, a proposta das Constelações Sistêmicas e das Pics não é ocupar o lugar de outras disciplinas, mas ampliar as possibilidades de cuidado por meio da escuta, da complexidade e da abordagem integrada do ser humano. “Precisamos urgentemente abraçar os médicos, os psicólogos. Ninguém quer substituir ninguém. A gente precisa somar. Está mais do que claro que não seremos mais silenciados — então é hora de parar com o medo e abrir os braços”, concluiu, sob aplausos de representantes instituições presentes ao encontro.

Roseny Flávia Martins propõe grupo de trabalho entre conselhos e representantes das Pics para garantir reconhecimento técnico e normativo das práticas integrativas

Durante participação no 2º Encontro de Comitês de Práticas Integrativas e Complementares de Conselhos Profissionais, a diretora científica do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS), Roseny Flávia Martins, defendeu a necessidade de maior aproximação institucional entre os conselhos profissionais e os representantes das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics). Ela propôs a criação de um grupo técnico misto (GT) para debater as especificidades formativas e assistenciais de cada prática reconhecida. A proposta foi aceita pelo encontro.

Com mais de três décadas de experiência no Sistema Único de Saúde (SUS), Roseny afirmou ter encontrado, nas Constelações Sistêmicas, uma abordagem capaz de integrar dimensões físicas e emocionais do cuidado.

“Percebi que a Constelação Sistêmica é uma metodologia extraordinária. Ela permite acessar e transformar dores físicas e emocionais, sem a necessidade do toque tradicional”, destacou.

Ela afirmou que sua atual atuação como pesquisadora e dirigente do CECS está voltada para o desenvolvimento científico e institucional das Constelações Sistêmicas ao ressaltar ainda a recente criação, no âmbito do Cabsin, de um Comitê Nacional de Constelações Familiares e Sistêmicas, espaço que deverá reunir lideranças da área com foco em articulação e validação científica.

Roseny defendeu que a heterogeneidade das Pics exige modelagens formativas diferenciadas, adequadas às especificidades de cada prática. “Não é possível aplicar critérios uniformes. A carga horária necessária para a formação em apiterapia não é a mesma que se exige para Constelação Familiar Sistêmica. É essencial que os conselhos compreendam isso e que as práticas também estejam abertas ao diálogo”, afirmou.

A proposta original de Roseny foi a criação de um grupo de trabalho interinstitucional, composto por membros dos conselhos e representantes de cada uma das 29 práticas integrativas atualmente reconhecidas pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de construir orientações conjuntas que reconheçam as diferentes realidades e necessidades formativas.

Roseny também chamou atenção para a fragilidade normativa que impacta diretamente os profissionais que atuam com Pics no SUS.

Segundo ela, muitos trabalhadores exercem as práticas por dedicação pessoal, mesmo sem respaldo normativo claro nos municípios.

“Quem trabalha com Pics o faz por vocação. Muitos são concursados, utilizam carga horária reduzida com autorização informal de gestores, e pagam suas próprias formações. Mas quando há mudança de gestão ou falta de simpatia institucional, tudo se perde — inclusive grupos com centenas de pacientes”, lamentou.

Por fim, colocou-se à disposição para colaborar com a organização do grupo técnico e articulações institucionais entre os diferentes conselhos e práticas. “É hora de avançarmos. Precisamos nos encontrar, dialogar e deliberar. A construção coletiva é o único caminho possível para consolidar as Pics como política pública efetiva e estável dentro da saúde brasileira”, concluiu.

Yolanda Freire cita ausência de escuta qualificada e exclusão de profissionais com trajetória nas Constelações Sistêmicas

Ao participar do 2º Encontro de Comitês de Práticas Integrativas e Complementares de Conselhos Profissionais, a psicóloga clínica e diretora de Fundamentos e Estruturação Teórica das Constelações do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS), Yolanda Freire, apresentou uma crítica contundente à falta de espaço institucional para diálogo entre os conselhos profissionais e os psicólogos que atuam com Constelações.

Segundo a diretora, embora haja fiscalização constante por parte do Conselho Federal de Psicologia (CFP), ainda persiste uma ausência de escuta ativa e inclusiva no que diz respeito aos profissionais da psicologia que têm longa trajetória no campo sistêmico.

“Temos um conselho que nos fiscaliza, mas não nos escuta. Cria comissões de análise sobre as práticas sem incluir psicólogos que atuam com Constelação há 20 anos, com sólida formação e experiência comprovada”, afirmou.

Yolanda expressou preocupação com a forma como os espaços de construção normativa vêm sendo ocupados, segundo ela, sem a participação dos próprios profissionais que desenvolvem práticas clínicas e comunitárias com base no olhar sistêmico, especialmente dentro do SUS.

“Hoje, psicólogos que atuam com Constelações não podem se apresentar como profissionais que oferecem à população um trabalho legítimo de transformação das repetições sistêmicas, mesmo quando o fazem com rigor e respaldo teórico”, declarou.

Ao abordar os fundamentos das Constelações como campo de atuação psicológica, destacou que a prática lida com camadas profundas do inconsciente familiar e dos campos informacionais que se repetem sob a forma de doenças, violências e padrões disfuncionais.

Ainda assim, lamentou que as Constelações sigam sendo alvo de resistência institucional. “Há conselhos que ainda sustentam, inclusive em comissões de direitos humanos, que Constelações são práticas que violam direitos de mulheres e crianças, quando na verdade elas atuam diretamente na prevenção e transformação dessas violências.”

Yolanda defendeu que profissionais das práticas integrativas que atuam nas políticas públicas merecem reconhecimento institucional, especialmente aqueles que se dedicam à pesquisa, à sistematização metodológica e ao cuidado direto da população.

“Hoje, enquanto psicóloga, não posso desenvolver estudos e pesquisas dentro da minha área com liberdade. Fala-se muito, mas não se abre espaço para o exercício efetivo do nosso trabalho”, pontuou.

Ela finalizou a intervenção com um apelo à criação de espaços reais de troca, pesquisa e diálogo institucional.

“É preciso coragem para sustentar esse campo de atuação dentro das políticas públicas. A todos os conselhos que estão dispostos a discutir de forma aberta, eu deixo aqui meu reconhecimento. O momento pede escuta, responsabilidade e abertura para um diálogo que inclua, de fato, quem está na prática.”

Alzira Cristina aponta desamparo institucional e relembra impacto da Nota Técnica do CFP em programa de pós-graduação

Durante participação no 2º Encontro de Comitês de Práticas Integrativas e Complementares de Conselhos Profissionais, a psicóloga clínica e diretora de Ética do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS), Alzira Cristina, relatou com emoção a exclusão institucional enfrentada por psicólogos que atuam com Constelações Sistêmicas e destacou os efeitos concretos das posições do Conselho Federal de Psicologia (CFP) sobre a prática.

“Fiquei profundamente emocionada com a forma como outras profissões acolhem os profissionais que atuam com Constelações. Vi enfermeiros e farmacêuticos sendo abraçados, e senti, sinceramente, inveja. Porque a minha categoria não me acolhe”, afirmou Alzira, visivelmente tocada.

Ela compartilhou sua dor por não ver esse mesmo reconhecimento vindo da psicologia, apesar de sua trajetória profissional consolidada: “Sou psicóloga clínica há 23 anos, consteladora há 16, e formo consteladores desde 2015″.

Alzira utilizou uma analogia provocativa para ilustrar a limitação imposta à liberdade profissional dos psicólogos: “Se eu quisesse, nas horas em que não estou em atendimento, trabalhar como motorista de aplicativo, eu poderia. Mas se eu quiser atuar com Constelação, preciso enviar uma proposta ao Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas (SAPP), como se estivesse pedindo autorização para exercer um ofício qualquer, mesmo sendo uma escuta humanizada”.

A diretora também compartilhou um marco importante de sua trajetória: em 2016, foi convidada a estruturar uma pós-graduação lato sensu em Constelação Sistêmica na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (SP). A primeira turma teve início em 2017, e até 2023 foram 24 turmas formadas com excelência. No entanto, segundo Alzira, a Nota Técnica emitida pelo Conselho Federal de Psicologia em 2023, contrária à prática das Constelações, gerou impactos negativos diretos sobre a continuidade do curso.

“Em decorrência da nota, a universidade optou por não mais ofertar o curso, mesmo com sua trajetória de sucesso e credibilidade acadêmica. Fui uma das cinco psicólogas que redigiram uma carta aberta ao CFP ao solicitar diálogo. Também organizamos um abaixo-assinado. Fomos ignoradas”, lamentou.

Segundo Alzira, esse episódio marca a origem de um novo ciclo de mobilização da comunidade das Constelações, que culminaria na fundação do CECS. “É dessa dor, desse apagamento institucional e da falta de escuta, que nasce o Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas. Ele não é apenas uma instituição formadora — é uma resposta ética, política e técnica ao silêncio que nos foi imposto”, concluiu.

Diretores do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas durante 2º Encontro de Comitês de Práticas Integrativas e Complementares de Conselhos Profissionais, realizado no Rio de Janeiro: evento acolhe proposta apresentada pelo CECS para a criação de um Grupo de Trabalho nacional (GT) com a participação de representantes dos conselhos profissionais e das 29 práticas reconhecidas oficialmente pelo Ministério da Saúde

Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS) – Assessoria de Comunicação – Contato para informações e entrevistas: (62) 9-8271-3500 (WhatsApp

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